Existia no interior de uma grande cidade um menino que trabalhava de carpinteiro com o seu pai, a família era pobre e eles não tinham muitos recursos. A diversão do garoto era ir para o rio que passava atrás da sua casa e brincar com o seu barquinho. Esse barco o menino tinha imaginado e feito com suas próprias mãos. Ele tinha cortado a madeira, lixado e pintado com as melhores e mais bonitas tintas que ele possuía. O barco era realmente belo. Certa tarde o menino se encontrava brincando mais uma vez feliz com o seu barco, quando de repente começou a chover e a correnteza do rio ficou muito agitada, quando o garoto deu por si o barco estava sendo arrastado para longe dele, seguindo o curso do rio. O menino ainda tentou esticar o braço para resgatar o barco, mas já era tarde o barco havia se perdido e o menino chorando volta para casa.
Algumas semanas se passam o menino ainda lembrava com saudades do barco, quando na entrega de um móvel na cidade, que ele ajudara o pai a fazer, ele vê na vitrine de uma loja de brinquedos usados o seu barquinho. O menino correndo entra na loja e diz ao vendedor: Moço esse barco é meu, eu que fiz e ele se perdeu de mim. O vendedor olha para o menino e diz em resposta: Meu jovem, você pôde até ter feito esse barco, mas agora ele é meu, pois ele se perdeu de você. Agora ele me pertence. Se você o quiser de volta terá que pagar o preço que peço por ele.
Quando o menino fica sabendo do preço a ser pago percebe que era um alto preço, mas ainda sim decide pagar o valor. E o vendedor surpreso pergunta: Veja a minha loja com esse valor você pode comprar outros brinquedos melhores que esse barco. Olhe para ele e veja, ele está velho, a tinta está caindo, não há beleza alguma nesse barco. Porque você não faz outro? Vai lhe custar menos recursos e com o dinheiro você compra outro brinquedo em melhor estado pra você, afinal o que esse barco tem de especial?
O garoto sorridente diz: Moço, aparentemente ele não tem nada de especial. Esse barco está sujo, está feio, mas para mim ele é mais que especial. Eu imaginei esse barco quando ele não existia; com as minhas próprias mãos o criei e foi com ele que passei as melhores tardes da minha vida, por isso eu não abro mão desse barco, pois eu o amo mesmo sem ele possuir beleza alguma. E diante disso o vendedor sem saber o que dizer decide vender o barco sem questionar.
O garoto compra o barco e ao sair da loja o abraça forte e sorridente diz: Barquinho, como eu te amo. Você agora é meu duas vezes. A primeira vez porque eu te fiz e a segunda vez porque eu te comprei. E assim é Cristo com você. Você não tem nada de especial, ele poderia fazer outra criação para te substituir, mas foi pelo fato de tanto te amar que decidiu pagar o alto preço e te resgatar só para estar perto de você, só para te trazer de volta. Você é o barco.